segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

 

Descrição da imagem: imagem cujo foco é demandado para a janela do programa Adobe Photoshop CS5.1 (64 Bit) com a ilustração da personagem Lacey em sua 29ª iteração feita no mês de junho do ano passado (em nota à parte, isso se dá por salvar arquivos de recuperação para enviar a novas mídias e espaços de armazenamento). Contém a figura de uma garota de cabelos vermelhos vibrantes, pele bronzeada e sem viço, adornada de pérolas que vão de um pequeno brinco de metal da orelha esquerda a uma gargantilha metálica em torno de todo o seu pescoço. A personagem veste uma blusa laranja de mangas compridas desgrenhadas ao redor dos braços, sobreposta por um gorjal amarelo claro com detalhes de renda no centro e alças (não coloridas) que se unem a uma armadura metálica com detalhes não coloridos.

 

Pensamentos: 1. Este ainda é meu desenho favorito. Continua inacabado, o coitado, mesmo que com seus pequenos progressos de um anfitrião que se recusa a desistir. Ela, Lacey, foi (diz as memórias cinicamente reconstituídas) minha primeira personagem digital. Há muito carinho por trás do que ela é, mesmo que aqui, neste quadro inacabado, não saiba que traço seguir. O que devo fazer com ele? Quem é, afinal, Lacey depois de tanto tempo? Escrevo essas marmotas de pensamento enquanto algum vizinho toca, entre o aprendizado desafinado e um completo ensaio lisonjeiro, um saxofone empoeirado. Bem alto. Que vida boa é essa, em que posso ouvir e imaginar coisas enquanto tenho o programa Bloco de Notas aberto no computador, capturando verbetes do tempo que corre e rigorosamente é parado dentro destas palavras, acima de uma janela de algum programa, acima da janela de outro programa, acima da janela que carrega Lacey.

Veja, ela não é uma personagem bonita. Não nesta cena que começou a ser feita talvez em 2018? 2019 ou 2020, genuinamente, espero não estar prolongando sua espera por tantos anos. Seu rosto é grotescamente calcado, ósseo, resultado da minha pequena imaginação sobre que vida a garota, ainda que em sua plena juventude e certa saúde, levou até este retrato. Algo sobre o comando de uma guerra (em minha história ela foi nominalmente escolhida pelo chefe de guerra anterior para liderar todo o exército no combate vigente. Lacey não esteve sob os holofotes, mesmo que sua ideologia fosse tingida na pele, palavras, referências, comuna: a não-violência. Não era irônico? Um oxímoro? Talvez essa fosse uma piada maior a se contar, que nem mesmo eu entenda a graça. Ainda assim a perspectiva juvenil de Lacey fora azeitada pela servidão ao seu Estado, logo se proclamando uma líder de Exército contrapartidário à própria função que os organizava), algo sobre saber pouco ou talvez viver pouco demais para poder rir melodiosamente em orgulho àqueles que soubessem menos.

Lacey apenas estava ali, presunçosamente num plano sem plano, e assim foi estimado este retrato.

Um dia será terminado, por alguém que sequer reconhece as técnicas ou as ferramentas utilizadas no início do processo. Essa é a aventura, afinal: gosto mediante desgosto.

Até!